Falta de habilidade de Kurt Cobain na guitarra era intencional e ele chegou a explicar o motivo.
Em essência, ele era um músico punk. Por isso, surpreendeu muita gente que sua banda, o Nirvana, tenha conquistado enorme sucesso comercial, já que muitas das práticas do vocalista e guitarrista pareciam ser, ao menos sob ótica inicial, anticomerciais.
Uma delas envolvia até mesmo seu aprimoramento enquanto músico. O artista falecido em 1994 dizia fazer questão de não evoluir tecnicamente em suas funções. E a depender do ponto de vista, sua explicação era até convincente.
Em entrevista de 1993 ao jornalista Edgar Klüsener (via Far Out Magazine), Cobain contou por que queria manter-se limitado especialmente como guitarrista. Para ele, dominar um amplo leque de técnicas afeta a originalidade, de modo que suas composições não seriam mais tão espontâneas.
“Não tenho nenhum desejo de me tornar um guitarrista melhor. Não gosto de nada desse lado da musicalidade. Não tenho nenhum respeito pela tal musicalidade, apenas odeio. Aprender a ler partituras, ou entender arpejos e modos dóricos e tudo mais é perda de tempo. Isso atrapalha a originalidade.”
E como é que Kurt aprendeu a tocar guitarra? Segundo ele, na base da “imitação”.
“Nunca aprendi a ler música. Quando mais jovem, apenas copiava as outras pessoas que dedicaram tempo para aprender a ler. Eu era tão simplório. Mesmo naquela idade, não via razão para aprender nada que outra pessoa tivesse composto.”
Acordes menores e maiores? Que nada
Ainda em sua declaração, Kurt Cobain comentou que não sabia nem mesmo fazer acordes maiores ou menores na guitarra. Sua execução era intuitiva, com base no que achava que soaria melhor.
“Não tenho nenhuma noção de saber ser músico, seja qual for. Não sei o nome dos acordes para tocar, não sei fazer acordes maiores ou menores no violão. Todo mundo sabe mais do que eu.”
O obstinado Kurt Cobain
Isso não significa, porém, que Kurt Cobain não tinha o que era preciso para se tornar um músico de sucesso. E uma dessas características era pouco notada pelo público — ao menos de acordo com o empresário do Nirvana, Danny Goldberg, que falou sobre o assunto em entrevista ao podcast Whatever Nevermind(via site Igor Miranda).
“Eles vieram até mim por causa do lado ambicioso que ele tinha. Embora ele não mostrasse, era parte do que tornava a arte bem-sucedida. Ficou óbvio desde o primeiro encontro que ele tinha ideias muito fortes sobre onde queria que a banda fosse, e isso foi reforçado todas as outras vezes que falei com ele. [...] Kurt era muito intenso quando se tratava de sua arte. Ele insistia em ensaiar todos os dias, e se você olhar em seus diários, ele tinha todos esses desenhos de quando era criança, imaginando o Nirvana como atração principal e tocando em arenas. Ele tinha uma visão exata do que o Nirvana se tornou – uma banda de muito sucesso que falava a linguagem internacional do rock ‘n’ roll de massa, mas estava enraizada nos valores culturais e na intimidade do punk americano.”
Fonte: rollingstone.uol
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