Cansado de tocar com Kurt Cobain, Krist Novoselic chegou a oferecer seus serviços para Lanegan, que procurava baixista na época.
Falecido no último dia 22 de fevereiro, Mark Lanegan teve influência incontestável na cena alternativa de Seattle da virada dos anos 1980 para os 1990. Sua importância pode ser avaliada não apenas pela obra musical, exaltada por fãs e músicos, especialmente os colegas de geração.
Em seu livro “Sing Backwards and Weep”, lançado em 2020, o cantor relembra quando teve atuação decisiva para impedir que o Nirvana, representante simbólico da mudança da música pop na última década do século passado, encerrasse atividades prematuramente.
Tudo começou quando Lanegan foi convidado a assistir um show do grupo em Ellensburg, Washington.
“Assim que eles subiram ao palco, fui imediatamente fisgado pelo baixista: um gigante de 1,80m de altura com uma intensidade feroz. Isso antes mesmo de tocar uma nota. Ele parecia chateado e eu fui instantaneamente atraído… ao ver esse cara enorme afinando o instrumento, meu primeiro pensamento foi: ‘aqui está meu baixista’. Comecei a formular um plano para roubá-lo dessa banda que eu ainda não tinha ouvido.
Assim que o trio começou a tocar, a parede de barulho, a pegada crua das músicas e a voz do guitarrista canhoto me fizeram perceber que estava testemunhando algo especial. Talvez uma das melhores bandas que eu já vi. Na p#rra da Biblioteca Pública de Ellensburg, nada menos!”
Mark parabenizou Kurt Cobain pela performance. O líder do Nirvana retribuiu lhe rasgando elogios e se declarando fã do Screaming Trees. Houve até um convite para futura colaboração e troca de números de telefones.
“Não aguento mais tocar com Kurt Cobain”
Posteriormente, uma ligação realmente ocorreu. Porém, não era Kurt Cobain.
“Ele se apresentou: ‘Mark Lanegan? Aqui é Krist Novoselic, do Nirvana. Você ainda está procurando um baixista? Não aguento mais tocar com Kurt, estou farto de tudo sempre ter que ser do jeito dele’.”
Ciente da capacidade da banda, Mark optou por recomendar a Novoselic que permanecesse ao lado de Cobain. O que se sucedeu, o mundo e os mais de 80 milhões de discos vendidos sabem de cor.
“Nunca mencionei essa ligação para Kurt. Acabamos nos tornando amigos facilmente, com direito a longas ligações conversando sobre garotas, música e a vida. Amava e invejava o cara ao mesmo tempo, o Nirvana estava pronto desde aquela primeira vez que os vi. Grandes músicas, cantor e visual. Tinham tudo, enquanto o Trees estava sempre brigando.”
igormiranda.com.br
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