quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Pixies: os fantasmas das glórias passadas


Quando perdeu John Cale, o Velvet Underground virou outro grupo. Quando Eno cansou de que Ferry não lhe deixasse lugar, o Roxy Music começou a ser outra coisa. O mesmo aconteceu no dia em que Kim Deal deixou o Pixies. O problema é que, diferentemente das outras duas bandas, a evolução do Pixies não está à altura de suas origens. Entre 1987 e 1991, eles foram um desses grupos que mudavam você por dentro, abriam portas, mostravam quem você é. Se eles cruzavam o seu caminho, se tornavam algo vital, necessário. Em sua segunda encarnação, a que começa em 2004 e chega até o presente, a importância de que o Pixies continue na ativa reverte sobretudo para seus membros originais.



Agora eles podem viver decentemente do seu trabalho, porque há milhares de pessoas que por nostalgia ou por inércia querem ver o grupo. O Pixies poderia ter seguido adiante sem Deal, que saiu em 2013 porque relutava em gravar novas canções, fazendo algo memorável, inclusive diferente, e cometer o heroísmo de existir com nobreza numa época que já não é a sua. Em lugar disso, desde 2014 lançaram três discos em que as novas ideias produzem indiferença, e as velhas soam somente a isso. Beneath The Eyrie dá fé do que digo.





Fonte: brasil.elpais.com



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